Leia mulheres: biblioteca da SMG promove a leitura de mulheres no mês de março

O número de obras literárias escritas por mulheres sendo publicados no Brasil e no  mundo cresce a cada dia (ainda bem!), porque durante muito tempo elas foram obrigadas a escrever sob pseudônimos masculinos, sem nenhum reconhecimento. Hoje seus trabalhos percorrem os quatro cantos do mundo e merecem ser lidos por todos nós!

É por isso que, neste mês de março, as mulheres da SMG separaram obras de escritoras que vocês PRECISAM conhecer! Confira algumas dessas autoras e escolha aquela com a qual mais se identifica.

Clarice Lispector

 

Clarice Lispector é, sem dúvidas, um dos maiores nomes da literatura nacional. Nascida em 1920, na Ucrânia, a escritora de origem judia veio para o Brasil com apenas dois meses de idade, quando a família fugiu do antissemitismo da Rússia. Já adulta, Clarice mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ambientou muitos de seus contos e crônicas. Em seus textos, Clarice inventou personagens femininas muito fortes como Ana, do conto Amor; Macabéa, do romance A hora da Estrela; e Joana, de Perto do Coração Selvagem.

Sinto agora mesmo o coração batendo desordenadamente dentro do peito. E a reivindicação porque nas últimas frases andei pensando somente à tona de mim. Então o fundo da existência se manifesta para banhar e apagar os traços do pensamento. O mar apaga os traços das ondas na areia. Oh Deus, como estou sendo feliz. O que estraga a felicidade é o medo.

Clarice Lispector, no livro “Água viva”. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

Cecília Meireles

Cecília Meireles é uma das autoras de mais destaque no cenário literário brasileiro. Além de poeta, Cecília foi professora, jornalista e pintora. Ela é considerada também a primeira voz feminina a ganhar grande expressão na literatura brasileira, com mais de 50 obras publicadas. Embora a obra lírica da autora seja mais conhecida do público, Cecília também se dedicou ao conto e à crônica. Outra curiosidade sobre a autora é sua participação no grupo literário da Revista Festa, grupo católico e conservador. Dessa vinculação, herdou a tendência espiritualista que aparece de forma transversal em muitos trabalhos.

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecília Meireles

Florbela Espanca

Florbela Espanca foi uma poetisa portuguesa, nascida no Alentejo no ano de 1984. Ela é considerada uma das mais importantes autoras em língua portuguesa, com sonetos e contos importantes na literatura de seu país. Além disso, a poeta leva o título de feminista, o que a coloca muito a frente de seu tempo. Sua poesia é de extrema profundidade e sentimentalismo, com versos marcados pela solidão e melancolia, mas também pelo genuíno desejo de felicidade.

Alma Perdida

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente…
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda noite choraste…e eu chorei!
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh’alma
Que chorasse perdida em tua voz!…

Florbela Espanca

 

Alice Ruiz

Alice Ruiz é uma relevante poeta (como gosta de ser chamada) e compositora brasileira. A autora conta com mais de 20 livros publicados e seus poemas foram traduzidos para diversos países. Alice Ruiz nasceu em Curitiba, aqui no Paraná, no dia 22 de janeiro de 1946, e escrevia contos desde os 9 anos de idade. Outra curiosidade sobre a escritora é que ela se casou com o poeta Paulo Leminski, com quem teve três filhos e construiu muitas parcerias artísticas. Foi com o marido poeta, inclusive que a poeta se lançou à composição de músicas e à escrita de haikais.

Milágrimas

em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo
mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo
esqueça seu cotovelo
se amargo for já ter sido, troque já esse vestido
troque o padrão do tecido
saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos
faça fazer sentido
a cada mil lágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa
coma somente a cereja
jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto
invente seu endereço
a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal,
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem, mil lágrimas
sinta o milagre
a cada mil lágrimas sai um milagre
a cada milagrimas.

Alice Ruiz

Virginia Woolf

Virgínia Woolf  foi uma escritora e editora inglesa, nascida em Londres, no ano de 1882, sempre lembrada pela força existencialista de suas palavras. Ela é uma das mais relevantes escritoras modernistas do século XX, famosa por trazer nas linhas e entrelinhas de seus textos inúmeros apontamentos políticos, sociais e feministas. Virgínia Woolf tornou-se conhecida com o romance Senhora Dalloway, que é fortemente marcado pela crítica à sociedade patriarcal da Inglaterra.

Tranque as bibliotecas, se quiser; mas não há portões, nem fechaduras, nem cadeados com os quais você conseguirá trancar a liberdade do meu pensamento.

Virginia Woolf

Curtiu? Visite a biblioteca da SMG, leve um livro, ganhe um mimo e #LEIAMULHERES!

Siga nossas redes sociais:

Selecione a modalidade que encaixa no seu perfil e Inscreva-se
plugins premium WordPress